02 junho, 2022

BREVE HISTÓRIA DA MÚSICA MILITAR

Por: Diogo Gomes Ferreira de Campos, 3º Sgt PM


A música feita por banda é uma
arte coletiva. Uma arte de aproximação das pessoas seja no momento de ensinar como fazer o som em um instrumento, quanto na hora de apresentar a fanfarra na praça do coreto. 

As bandas em Minas Gerais durante séculos se modificaram, desenvolveram, morreram, ressurgiram, recriaram e reinventaram a arte de fazer música. Fato é que em Minas Gerais por ter um vasto território, possui uma variedade de estilos e trabalhos musicais infindáveis. 

Suas fronteiras não estão apenas nas linhas geográficas ou políticas, mas extrapolamos todos os limites para todos os cantos do mundo com nossa enorme riqueza que é, fazer música de banda.

A historiografia relata que desde os primórdios da colonização brasileira já se existia uma íntima relação entre os músicos militares e a produção da música popular. José Ramos Tinhorão (1998) descreve que a participação das bandas militares era observada desde o início da colonização. Ao longo dos anos as bandas militares não recuaram, ao contrário, tiveram uma pequena melhora nos primeiros anos em que a família real portuguesa esteve no Brasil. 

Estudos mostram que a atividade musical já ocorria bem antes da criação da própria PMMG, como se pode constatar em Paulo Castagna (2004), que cita Francisco Gomes da Rocha como grande compositor mineiro que foi executante de um instrumento percussivo chamado timbal e que na época pertencia aos quadros, como músico, do Regimento Regular de Cavalaria de Minas Gerais, embrião da PMMG. 

Da mesma forma, Vinicius Mariano de Carvalho (2006), ao falar sobre bandas militares no Brasil, refere-se à condição de militar de Francisco Gomes da Rocha como referência na cultura musical de Minas Gerais. O historiador Francis Cotta (2006), em um de seus livros sobre a história da PMMG, também descreve as atividades musicais nas Companhias de Dragões Del Rey pelas Minas, que remonta a origem da PMMG. 

A importância das bandas militares na história da música brasileira vai além das ocorridas na era Colonial e Imperial. Os militares sempre estiveram presentes nas atividades artísticas da cultura brasileira. Ao longo dos séculos XIX e XX as agremiações militares utilizavam as bandas não apenas nas atividades militares aquarteladas, mas levavam para a população as interpretações de músicas de diversos estilos. Seja no Rio de Janeiro, Recife, Salvador ou nas entranhas de Minas Gerais, os músicos militares estiveram a todo momento conectados com as práticas da cultura popular. 

Nos últimos anos as formações musicais militares não ficaram estagnadas no tempo. Estão sempre se aprimorando seja com repertório, formas de atuação para os públicos, qualificação dos músicos e criatividade artística, sempre mantendo as bases mais fundamentais das origens militares.

A MÚSICA MILITAR NA PMMG 


Ao longo de toda a história do Brasil, as forças de defesa militar e segurança pública tiveram várias denominações e formações. Independente da denominação dada ao grupo de policiamento militar, existem registros de que os músicos estavam listados no efetivo constante no primeiro regulamento provincial, nº 6, adotado a partir do dia 15 de dezembro de 1835, segundo a Lei nº 8, de 28 de março de 1835. Nesse regulamento já havia registro de que a banda deveria estar à disposição dos Oficiais. Duas décadas depois, o Regulamento nº 35 de 7 de fevereiro de 1855, descreve com clareza as alterações no seio da corporação e relaciona os músicos dentro do “Estadomenor”, sendo 1 sargento mestre de música, 1 contra-mestre, 1 corneta-mor e 18 músicos, como demonstra Luiz de Marco Filho (2005). 

Em meados do século XX a Polícia Militar passou por grandes transformações em sua estrutura. Por ser um corpo vivo dentro da sociedade, acompanhou as necessidades em cada tempo. Foi nesse sentido que em meados do século XX foi criado o Quadro de Policiais Especialistas dentre eles enquadra-se os especialistas músicos. Os Policiais Especialistas são aqueles que prestam o serviço diferenciado dentro da corporação, ou seja, não estão ligados apenas ao serviço preventivo e repressivo, mas à prestação de trabalhos mais voltados para o bem-estar de toda a população, como fazem os músicos. 

As bandas da Polícia Militar de Minas Gerais assumiram um papel de levar a cultura e a arte musical para os mais distantes cantos desse Estado. Em muitas cidades ainda percebemos que a escassez de formas artísticas musicais é muito grande e só é aliviada quando a banda da Polícia Militar toca para o povo. Não apenas exibindo bons sons, mas encontramos também professores de música que são militares e fazem um papel extremamente relevante de mostrar para crianças, jovens e adultos a importância da música como um bom caminho a ser seguido. 

Atualmente a Polícia Militar de Minas Gerais possui 20 bandas militares marciais, uma banda de baile, uma orquestra sinfônica e corneteiros, todos esses grupos em atividade constante, com trabalho diário na prevenção de crimes pelo uso da música. Uma labuta que merece atenção dos diversos órgãos públicos e privados, pois faz com que possíveis crimes não aconteçam em determinada localidade em função da presença ostensiva, fardada, na qual os Músicos se colocam. 

A corporação policial militar estadual em Minas Gerais tem por finalidade constitucional manter e preservar a segurança pública de todos e uma das melhores ferramentas nesse sentido é o trabalho feito pelas bandas de música. O lema “Segurança também se faz com música”, aclamado em todas as regiões, não poderia retratar de forma mais simples e precisa o que realmente é o trabalho do policial músico.

Fazer com que tenhamos segurança é uma função do policial militar e quando a banda de músicos fardados se coloca diante da sociedade, ali, percebe-se uma sensação de segurança a tranquilidade. Para muitas pessoas essa sensação não é momentânea, mas constante e permanente.

Em muitas cidades de Minas Gerais existem bandas que fazem trabalhos em hospitais, asilos, creches e em demais locais onde a sociedade se sente ajudada e acolhida. Todas as agremiações musicais da Polícia Militar de Minas Gerais é mais do que um grupo de músicos, mas agentes incansáveis que atingem uma gama imensa da sociedade mineira.

A Polícia Militar, conta hoje com um total de 67 Batalhões em todo o Estado de Minas Gerais. As Bandas de Música, num total de 20, estão estrategicamente sediadas pelo Estado da seguinte forma:

Belo Horizonte – 02 Bandas de Música na APM

Juiz de Fora – 01 Banda de Música no 2º BPM/4ª RPM

Diamantina - 01 Banda de Música no 3º BPM/14ª RPM

Uberaba - 01 Banda de Música no 4º BPM/5ª RPM

Governador Valadares - 01 Banda de Música no 6º BPM/8ª RPM

Bom Despacho - 01 Banda de Música no 7º BPM/7ª RPM

Lavras - 01 Banda de Música no 8º BPM/6ª RPM 4

Barbacena - 01 Banda de Música no 9º BPM/13ª RPM

Montes Claros - 01 Banda de Música no 10º BPM/11ª RPM

Manhuaçu - 01 Banda de Música no 11º BPM/12ª RPM

Passos - 01 Banda de Música no 12º BPM/18ªRPM

Ipatinga - 01 Banda de Música no 14º BPM/12ª RPM

Patos de Minas - 01 Banda de Música no 15º BPM/10ª RPM

Uberlândia - 01 Banda de Música no 17º BPM/9ª RPM

Teófilo Otoni - 01 Banda de Música no 19º BPM/15ª RPM

Pouso Alegre - 01 Banda de Música no 20º BPM/17ª RPM

Ubá - 01 Banda de Música no 21º BPM/4ª RPM

Divinópolis - 01 Banda de Música no 23º BPM/7ª RPM

Poços de Caldas - 01 Banda de Música no 29º BPM/18ª RPM

Certamente, ter uma banda de música tocando nas ruas é ter um policial militar em contato direto com a população levando alegria, bem estar, respeito, solidariedade, cultura, educação e segurança pública para a sociedade. 

Isso reforça a missão institucional da PMMG que é promover segurança pública por intermédio da polícia ostensiva, com respeito aos direitos humanos e participação social em Minas Gerais.

CENTRO DE ATIVIDADES MUSICAIS (CAM) 



Oficialmente criado em 23 de fevereiro, conforme publicação da Resolução nº 4194 de 2012, o Centro de Atividades Musicais (CAM) é um órgão de apoio subordinado à Academia de Polícia Militar, apoiado administrativamente pelo Centro de Administração de Ensino (CAE). Naquela época o Centro estava vinculado à Academia de Polícia Militar (APM) e só mais tarde passou a ser vinculado à Diretoria de Comunicação Organizacional (DCO) como é atualmente. 

Ao longo do tempo, a atividade musical na PMMG foi sendo vista não apenas como acessório, mas como ferramenta importante para a realização de um policiamento solidário e comunitário. Capítulos foram construídos e solidificaram a necessidade de se ter um Centro para a gestão das atividades musicais na PMMG. 

A relação entre música e militarismo é milenar nas mais diversas culturas humanas. Na PMMG não foi diferente. Seja para a rotina da caserna ou para os eventos e trabalhos com a comunidade, os músicos sempre estiveram presentes na história da Polícia. 

Em 2012, o então Comandante Geral Cel PM Márcio Martins Sant’ana, assinou a referida Resolução que é considerada a certidão de nascimento do Centro de Atividades Musicais (CAM) e elevou a importância da área musical gerenciada para exercer o melhor serviço policial musical. 

Atualmente três agremiações musicais estão sob sua responsabilidade, quais sejam: AMOS (Academia Musical Orquestra Show) conhecida como banda de baile; Banda Marcial do CAM, com trabalhos mais intensos em desfiles e cerimônias militares; OSPM (Orquestra Sinfônica da Polícia Militar) com atividades em cerimônias cívico-militares de diversos tipos. Todos esses grupos possuem uma produção intensa de serviços tanto para o público policial diretamente (público interno), quanto para toda a sociedade civil (público externo). 

Além das atividades musicais exercidas na capital (Belo Horizonte) o CAM presta serviço de coordenação técnica para todas as outras bandas musicais do Estado. O gerenciamento de efetivo, materiais de consumo e outras particularidades que as demais bandas possuem, passa pelo emprego do CAM. Para observarmos um pouco do trabalho desse Centro podemos aferir que em 2019 a quantidade de solicitações atendidas chegou 1.342. Já em 2020, mesmo com as dificuldades impostas pela pandemia COVID-19, a tropa não parou e foram 662 solicitações de serviços musicais prontamente atendidos. Não satisfeitos em atender às demandas musicais de forma presencial, 2020 foi um ano de intensa criação audiovisual e novos projetos. 

O desenvolvimento, produção e criação de novas formas de trabalho levou os músicos da PMMG para as diversas mídias digitais. Com o esforço e dedicação dos próprios músicos, foram desenvolvidos os programas digitais Musicando Segurança e Momento Patrulha Rural. 

A confecção de meios informativos como a Revista do CAM, atualização do site oficial da PMMG e reformulação das redes sociais, foram exemplos de boa gestão para alavancar o alcance midiático da atividade musical da PM. 

Serviços presenciais foram adaptados para atender os mais diversos públicos e projetos como Avivar que visa proporcionar aos pacientes, funcionários, visitantes e acompanhantes do Hospital Militar (HPM), o senso de alegria, paz, alento e conforto; e o Banda na Base que busca realizar uma integração entre a atividade musical da PMMG e a comunidade de Belo Horizonte e região metropolitana, potencializa o portfólio de serviços.

Todo esse trabalho musical e criativo foi concomitante com os muitos empenhos operacionais requisitados pelo Batalhão Metrópole. 2021 foi um ano para aprimoramento dos trabalhos criados e desenvolvimento técnico das produções. 

Equipes foram montadas para atuar em diferentes frentes de trabalho, como musicologia, história, designer, literatura e outras áreas que podem estimular o consumo musical, conhecimento da própria atividade musical militar e consequentemente da função policial da PMMG. 

Dentre as várias missões do CAM, ressalta-se que apoiar no desenvolvimento de projetos que visem à promoção da identidade organizacional e a segurança pública com participação da atividade musical seja sua essência. É dessa forma que se faz ressoar seu lema “Segurança Pública também se faz com música”.



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