12 dezembro, 2022

16º BPM - SEMPRE BRP (50 Anos de Criação)



         “ Alerta Batalhão de Radiopatrulha (...)”

 

Com a promulgação da Constituição de 1946, a Força Pública passou a ser denominada Polícia Militar, encarregada de exercer três atividades básicas: o policiamento militar preventivo, repressivo e educativo.


Apesar de a referida Carta Magna referenciar as atividades de policiamento, desde de 1775, nos rincões das alterosas, o Regimento Regular de Cavalaria, embrião da Polícia Militar, já o executava. Inclusive dele fazia parte o Alferes Tiradentes, que o integrava e efetuava a modalidade de policiamento comunitário, adequado aos costumes, princípios, características e valores da sociedade da época.


A partir de 1955, foi criada na Capital de Minas a Cia de Policiamento, anexa ao 1º BPM, no Bairro Santa Efigênia. Em 1957, o 5º BPM, situado no Bairro de Santa Tereza, passou a lançar, diariamente, nas ruas da Capital, duplas de policiais militares que foram denominadas de “Cosme e Damião”, embora o verdadeiro nome seja “Castor e Pólux”.


Incontinenti, foi criado um grupamento motorizado, denominado Patrulha Volante. Esse foi o embrião do Esquadrão Motorizado, que por sua vez foi o do futuro Batalhão de Radiopatrulhamento - BRP, hoje denominado 16º BPM. Atendiam ocorrências em Belo Horizonte, tendo como delimitação de área a parte interna da Avenida do Contorno.


O ano de 1969 foi um período divisor para as missões de policiamento exercidas pelas polícias militares em todo o Brasil. 


Com a promulgação do Decreto 317, em 1967, aperfeiçoado pelo Decreto 667, criaram-se as Inspetorias das Polícias Militares, as quais introduziram mudanças importantes relativamente ao desempenho das missões amparadas pelo Decreto 1072. Esse decreto havia extinguido todos os outros órgãos de Policiamento Ostensivo, reconhecendo apenas uma polícia fardada no Brasil, as “ Polícias Militares”.


Percebe-se que os decretos mencionados deram caráter policial às Instituições Militares Estaduais que, a partir de então, passaram a executar o policiamento ostensivo com exclusividade.


Cumpre aqui fazer mais uma vez um esclarecimento acerca das “missões policiais”. A PMMG, desde sua criação, ainda em Vila Rica, executava missões de policiamento ao escoltar o ouro que ia para o porto de Paraty, no Rio de Janeiro. E, ao longo da sua história, no interior do estado, executava policiamento nos rincões mais longínquos. Advém daí a verdadeira origem do “Policiamento Comunitário”.


No início dos anos 70, Belo Horizonte, embora jovem, já tinha saído dos limites da Avenida do Contorno, demonstrando, de maneira tangível, um assustador crescimento populacional e físico.


Evidenciando, na prática, sua vocação para zelar pelos interesses da sociedade, o Estado-Maior refez os planejamentos de policiamento e criou um Batalhão exclusivo para executar o policiamento motorizado. Nascia, assim, o BRP, em 12 de dezembro de 1972, pelo Decreto 15.048, de 16 de dezembro daquele ano. Seu primeiro Comandante foi o Cel PM Waldir Soares. 


A área de responsabilidade do BRP abrangia toda a região metropolitana de Belo Horizonte. Os oficiais e praças eram escolhidos com rigor, fazendo história e ditando doutrinas de radiopatrulhamento que serviriam, como servem até hoje, de base para as condutas operacionais da Polícia Militar.


Onde estão aqueles valorosos patrulheiros, Cel Vivaldo Leite de Brito(Bom Baiano), Cel BM Marcello Tadeu (filho do Bom Baiano), Cel Mozar, Cel Alves (Bojalo), Cel Sales (Xavante- pai e filho), Cel Nunes, Cel Sucasas, Cel Haroldo, Cel Ademir, Cel BM Walner, Cel Peixoto, Cel Elmo, Cel Moura, Cel Alain, Cel Jonas Cruz, Cel Cobucci, Cel Marcilio Catarino, Cel Fernando Alcântara, Cel Mauro Veloso, Cel Marco Aurélio, Cel Tres, Cel Eduardo Mendes, Cel Doro, Cel Jaques, Cel Pessoa, Cel Bicalho, Cep Pires, Cel Alexander,Cel Moreira, Cel Aryone, Cel Wallace (Ten Boy),Cel Garbaza, Cel Saraiva, Cel Eduardo Oliveira (Dudu), Cel Jorge Dias, Cel BM Vinicius, Cel Antônio Geraldo, Cel Wilson Gomes, Cel Couto, Cel Júlio César (Raposão), Cel Alves (filho do Bojalo), Cel Hothon, Cel Helley (Haley), Cel Zé Geraldo, Cel Benedito Timóteo (Tim Bradoke), Cel Aurélio, Cel Bahiense, Cel Josué (Tie), Cel Carlos (filho do Maj Waltinho), Ten Cel Sinval, Ten Cel Marcusi, Ten Cel Frota, Ten Cel Ailton (Barão),Ten Cel Isley, Ten Cel Laura (Filha do Bom Baiano), Maj Waltinho (Da Gruta), Maj Márcio Espitalí, Maj Edson Araújo, Maj Ednard, Maj Demerval, Maj Xavier (Xaxá), Maj Calixto (Pai do atual Comandante), Maj  Morães, Cap Leopoldo, Cap Maurício Sávio, Cap José Maria, Cap Viana, Cap Adélio (Tião), Cap Saulo (Pivete), Cap Landes, Cap Augusto da Silva, Cap Samuel (PPI), Cap Antoniellini, Cap Expedito, Cap Otoni, Cap Wellington, Ten Noé, Ten Alcenir (Xingu), Ten Fernandez, Ten Viriato, Ten Jadir, Ten José Secundino, Ten Santiago, Ten Fureaux, Ten Ivan, Ten São Joaquim (Capacete),Ten Rosário, Ten Walter, Ten Waldir, Ten Geovanio (Mestre), Ten Fernandes, Ten Casal, Subten Juracy, Ten Souza (SAT) Subten Pintinho, Subten Marcelino, Subten José de Oliveira, Subten Crismar, Sgt Geraldo Leôncio, Sgt Raimundo Inocente, Sgt Vicente Secundino (irmão do Ten) , Sgt Furtado, Sgt Valter, Sgt Bahiense, Sgt Xexéu, Sgt Luiz Jacinto (Piniquinho), Sgt Olivio Lima (Meio Fio), Sgt Oscar Eliodoro, Sgt Ubiraci (Buda), Sgt Gilberto, Sgt Cacá , Sgt João Minhoca, Sgt Nairón, Sgt Cércio, Sgt Frade, Sgt Sarapião, Sgt Adão, Sgt Barone, Sgt Estanislau (pai e filho), Sgt Neto, Sgt Algeci (Baiano), Sgt Garucha, Sgt Furtado, Sgt Gusmão (pai e filho), Sgt Cipuada, Sgt José Francisco, Sgt Sena, Sgt Napoleão (Lobinho), Sgt Pedrosa (pai e filho), Sgt Minoda (Japá), Sgt Secundino (filho do Ten Secundino), Sgt Curvelo, Sgt Elmo, Sgt Pinto (CSCS), Sgt Magela, Sgt Hélio Doido, Sgt Ramiro, Sgt Bahiense (primo do Cel Bahiense), Sgt Tarcísio, Sgt Fraga, Sgt Bolivar (Na Área), Sgt Trigela, Sgt Almeida (SAT), Sgt Ailton (de Deus e o Garrafão), Sgt Márcio, Sgt Alberto (Betão), Sgt Alberto (Bené), Sgt Wesley (El Bicodón) e Sgt William (irmão do Bicodón), Sgt Pavão, Cb Air Barbosa, Cb Cabana, Cb Ualas, Cb José Carlos (Pateta), Cb Alcir (Ganso), Cb Cachimbo, Cb Tião Soldado, Cb Antônio Luiz, Cb Frango (motorista do Bojalo), Cb Bernadino, Cb Tião Soldado, Cb José Maria Papo Furado, família Brito (Zé Cueca), família Barone, família Russo, Família Simão, Família Lobo, dentre outros milicianos memoráveis e respeitados que serviram tanto no BRP quanto no 16 BPM?


Vale ressaltar, ainda, a relevância da atuação de alguns dos valorosos militares que tombaram no cumprimento do dever, e de outros, que Deus os chamou para junto dEle. Faço aqui uma homenagem a um grande amigo, o qual me ajudou muito quando cheguei ao 16 BPM: Cel BM Marcello Tadeu (filho do bom Baiano). A ele, minha eterna continência. 


 que se pedir vênia não  aos militares, mas aos seus familiares, por não constarem aqui os nomes de outros bravos e respeitados milicianos que serviram na unidade aniversariante. O motivo foi por desconhecimento deste relator, ou por não terem vindo à memória os ilustres nomes quando lavrado este histórico. Contudo, fiquem declarados, na oportunidade, o respeito e apreço que lhes são devidos.


No que tange aos servidores do BRP e do 16º BPM, toda deferência, respeito, atenção e admiração ainda são pouco, pelo muito que fizeram pela nossa segurança. Muito contribuíram para que a PMMG - antes respeitada pelos laços com o herói Tiradentes e pela participação nas revoluções de 1930, 1932 e 1964 - fosse reconhecida pela eficiência e eficácia no policiamento motorizado.


Na década de 80, com a rearticulação das áreas de atuação operacional, extinguiuse o BRP, criando-se o 16º BPM. Ficou esse Batalhão responsável por todo o policiamento da zona leste de Belo Horizonte. Ainda na mesma década foram criados o Batalhão de Choque, em 1980, e as Cias Rotam, em 1981. As Cias ROTAM passaram a executar o policiamento motorizado, recobrindo a malha protetora da RMBH, com a maioria das praças que haviam servido no BRP. São, portanto, as Cias ROTAM filhas da Unidade aniversariante.


É certo que a história e as ações empreendidas pelos bravos milicianos que integraram o BRP e o 16º BPM passaram de pai para filho. Isso porque muitos dos integrantes que serviram ou servem no 16º BPM cresceram ouvindo a história dos abnegados milicianos que insculpiram um capítulo importante na história da PMMG. Eles são exemplos robustos e denodados para todas as gerações. Como disse o General Romano Túlios Maximus: “o que fazemos na vida ecoa pela eternidade”.


Quando um velho patrulheiro do Esquadrão Motorizado, BRP ou 16º BPM adentrar a Unidade, o mínimo que se pode fazer para homenageá-lo é estender-lhe um tapete vermelho. O valor desses servidores é um componente incomparável para a grandeza profissional da manutenção da ordem pública.


Antes de terminar este humilde relato, agradeço à Cel Karla Fernanda, Ten Cel Laura, Sgt Napoleão, Sgt Wesley e Sgt Fraga, pela ajuda e incentivo, pois a emoção falou mais alto do que a razão. Não foram poucos os momentos, quando abria a janela do passado, ocorreram  várias paradas, com desejos de desistir, até a atualização e conclusão do presente relato histórico.


Nas comemorações dos cinquenta anos do 16º BPM, os valorosos profissionais que, com ações simples, como a de socorrer a sociedade nos momentos mais cruciais, resolveram situações deveras complexas, merecem não só os cumprimentos de todos os habitantes das alterosas, mas um sincero e entusiástico muito obrigado!

 


Flávio Augusto, Cel PM Veterano
Professor de História da PMMG


09 junho, 2022

Fã mirim homenageia a PMMG nos seus 247 anos

Olá! Eu sou a Luísa mãe do João Lucas de 4 anos que faz 5 agora dia 16/07. Vou contar a história de como começou o amor do João pela Polícia Militar.

O João sempre adorava quando passava um carro de polícia na rua, ele fica muito feliz só de ver os policiais. Um dia estávamos conversando, eu, ele e minha filha Angélica, pra decidirmos o tema do aniversário de 4 anos dele e rapidamente ele disse com os olhinhos arregalados: "mamãe, vamos fazer de polícia?!" E na mesma hora a gente aceitou com alegria e já comecei a "correr atrás" do que precisaria.

Procurei um tecido semelhante pra fazer a farda e não encontrei. Então uma amiga disse que uma amiga dela tinha um sobrinho que tinha farda, e que de repente me emprestaria. Fui atrás, e a tia do menino, na cidade de Samonte (cidade de Santo Antônio do Monte), disse que emprestaria, mas que faria melhor: tentaria arrumar uma pra mim, pra ele ter uma. Disse que tinha uma amiga policial e que ia ver se ela tinha uma que não usava mais para doar.

E deu certo😃! Ela me enviou a roupa, e eu mesma a desmanchei, pra ficar mais barato na costureira... Tenho  uma amiga minha, que o marido é o segundo sargento Ramon Duarte, perguntei a ele se arrumaria a boina emprestada para as fotos da festinha ele a emprestou🤗🤗! Foi tudo muito maravilhoso!

Tive a ideia de fazer umas fotos em estúdio do João Lucas com os policiais da cidade, foi onde procurei o sargento Ramirez e ele se colocou pronto pra comparecer. No dia marcado com o fotógrafo, ele estaria de folga mas vestiu a farda somente pra ir lá! Ele e o soldado Leandro foram tão simpáticos no momento das fotos...  que gracinha eles com o João, comigo e com o fotógrafo!  Fiquei tão feliz! O João Lucas até hoje, foi a única criança na cidade que não tem parentesco nem ligação com nenhum policial, que tirou fotos assim e fez aniversário com esse tema.


Perguntei a ele se podiam comparecer na "festa" de aniversário do João Lucas, e veio a surpresa: Ele me disse que já havia sido enviado um pedido para que comparecessem no meu endereço, no dia tal e horário tal, que era o dia da festinha do João. Eu não estava acreditando naquilo! Fui investigar, a soldado que nos deu a farda pediu pro comandante Pedro, da cidade de Perdigão, que enviasse algum policial na festinha pra fazer uma surpresa pro João. 

Eu pirei... que alegria! Meu filho ia amar demais. E assim fiz a festinha e eles eram os mais aguardados da "festa" rsrs.. as crianças estavam muito ansiosas pra vê-los. E eles chegaram com a sirene ligada, entraram e foram bem simpáticos. E ali realizamos um sonho.

Tudo para o João é polícia... pede pra ir pra escola de farda, vai brincar na calçada e me pede pra vestir a farda.... Um dia ele estava brincando fora de casa fardado e  eu aqui dentro lavando a louça, quando chega o João Lucas correndo e ofegante e me conta que estava brincando lá fora e passou o carro da polícia perto dele, conversaram e ligaram a sirene pra ele ver.

Eu crio o João e uma menina de 13 anos sozinha, sem nenhum tipo de ajuda....pensão...nada. Sou uma guerreira e vou guerrear pelos meus filhos até onde eu tiver forças. Apoio demais o meu filho pra seguir nessa profissão porque acho muito bonito o trabalho de vocês. 

O assunto do João desde sempre é voltado pra polícia. Ele me disse um dia assim: "mamãe, quando eu for policial eu vou te ajudar". Me emociono só de falar... fiquei pensando: ajudar no que será? Que gracinha... só de querer me ajudar já fico agradecida.

O João Lucas perdeu o pai de 27 anos em agosto de 2021, era o amor do pai e vive versa, eram muito apegados e ele sente muito a falta do pai. O João fala que o papai ia gostar de ver ele de polícia. Tadinho.


Hoje, dia 09/06, é o aniversário de 247 anos da Polícia Militar, então eu e o João Lucas, queremos homenagear a PM e, em especial, os profissionais:

Soldado Taynara

Sargento Ramon

Sargento Ramirez

Soldado Leandro."

"Parabéns Polícia Militar  de Minas Gerais"

02 junho, 2022

BREVE HISTÓRIA DA MÚSICA MILITAR

Por: Diogo Gomes Ferreira de Campos, 3º Sgt PM


A música feita por banda é uma
arte coletiva. Uma arte de aproximação das pessoas seja no momento de ensinar como fazer o som em um instrumento, quanto na hora de apresentar a fanfarra na praça do coreto. 

As bandas em Minas Gerais durante séculos se modificaram, desenvolveram, morreram, ressurgiram, recriaram e reinventaram a arte de fazer música. Fato é que em Minas Gerais por ter um vasto território, possui uma variedade de estilos e trabalhos musicais infindáveis. 

Suas fronteiras não estão apenas nas linhas geográficas ou políticas, mas extrapolamos todos os limites para todos os cantos do mundo com nossa enorme riqueza que é, fazer música de banda.

A historiografia relata que desde os primórdios da colonização brasileira já se existia uma íntima relação entre os músicos militares e a produção da música popular. José Ramos Tinhorão (1998) descreve que a participação das bandas militares era observada desde o início da colonização. Ao longo dos anos as bandas militares não recuaram, ao contrário, tiveram uma pequena melhora nos primeiros anos em que a família real portuguesa esteve no Brasil. 

Estudos mostram que a atividade musical já ocorria bem antes da criação da própria PMMG, como se pode constatar em Paulo Castagna (2004), que cita Francisco Gomes da Rocha como grande compositor mineiro que foi executante de um instrumento percussivo chamado timbal e que na época pertencia aos quadros, como músico, do Regimento Regular de Cavalaria de Minas Gerais, embrião da PMMG. 

Da mesma forma, Vinicius Mariano de Carvalho (2006), ao falar sobre bandas militares no Brasil, refere-se à condição de militar de Francisco Gomes da Rocha como referência na cultura musical de Minas Gerais. O historiador Francis Cotta (2006), em um de seus livros sobre a história da PMMG, também descreve as atividades musicais nas Companhias de Dragões Del Rey pelas Minas, que remonta a origem da PMMG. 

A importância das bandas militares na história da música brasileira vai além das ocorridas na era Colonial e Imperial. Os militares sempre estiveram presentes nas atividades artísticas da cultura brasileira. Ao longo dos séculos XIX e XX as agremiações militares utilizavam as bandas não apenas nas atividades militares aquarteladas, mas levavam para a população as interpretações de músicas de diversos estilos. Seja no Rio de Janeiro, Recife, Salvador ou nas entranhas de Minas Gerais, os músicos militares estiveram a todo momento conectados com as práticas da cultura popular. 

Nos últimos anos as formações musicais militares não ficaram estagnadas no tempo. Estão sempre se aprimorando seja com repertório, formas de atuação para os públicos, qualificação dos músicos e criatividade artística, sempre mantendo as bases mais fundamentais das origens militares.

A MÚSICA MILITAR NA PMMG 


Ao longo de toda a história do Brasil, as forças de defesa militar e segurança pública tiveram várias denominações e formações. Independente da denominação dada ao grupo de policiamento militar, existem registros de que os músicos estavam listados no efetivo constante no primeiro regulamento provincial, nº 6, adotado a partir do dia 15 de dezembro de 1835, segundo a Lei nº 8, de 28 de março de 1835. Nesse regulamento já havia registro de que a banda deveria estar à disposição dos Oficiais. Duas décadas depois, o Regulamento nº 35 de 7 de fevereiro de 1855, descreve com clareza as alterações no seio da corporação e relaciona os músicos dentro do “Estadomenor”, sendo 1 sargento mestre de música, 1 contra-mestre, 1 corneta-mor e 18 músicos, como demonstra Luiz de Marco Filho (2005). 

Em meados do século XX a Polícia Militar passou por grandes transformações em sua estrutura. Por ser um corpo vivo dentro da sociedade, acompanhou as necessidades em cada tempo. Foi nesse sentido que em meados do século XX foi criado o Quadro de Policiais Especialistas dentre eles enquadra-se os especialistas músicos. Os Policiais Especialistas são aqueles que prestam o serviço diferenciado dentro da corporação, ou seja, não estão ligados apenas ao serviço preventivo e repressivo, mas à prestação de trabalhos mais voltados para o bem-estar de toda a população, como fazem os músicos. 

As bandas da Polícia Militar de Minas Gerais assumiram um papel de levar a cultura e a arte musical para os mais distantes cantos desse Estado. Em muitas cidades ainda percebemos que a escassez de formas artísticas musicais é muito grande e só é aliviada quando a banda da Polícia Militar toca para o povo. Não apenas exibindo bons sons, mas encontramos também professores de música que são militares e fazem um papel extremamente relevante de mostrar para crianças, jovens e adultos a importância da música como um bom caminho a ser seguido. 

Atualmente a Polícia Militar de Minas Gerais possui 20 bandas militares marciais, uma banda de baile, uma orquestra sinfônica e corneteiros, todos esses grupos em atividade constante, com trabalho diário na prevenção de crimes pelo uso da música. Uma labuta que merece atenção dos diversos órgãos públicos e privados, pois faz com que possíveis crimes não aconteçam em determinada localidade em função da presença ostensiva, fardada, na qual os Músicos se colocam. 

A corporação policial militar estadual em Minas Gerais tem por finalidade constitucional manter e preservar a segurança pública de todos e uma das melhores ferramentas nesse sentido é o trabalho feito pelas bandas de música. O lema “Segurança também se faz com música”, aclamado em todas as regiões, não poderia retratar de forma mais simples e precisa o que realmente é o trabalho do policial músico.

Fazer com que tenhamos segurança é uma função do policial militar e quando a banda de músicos fardados se coloca diante da sociedade, ali, percebe-se uma sensação de segurança a tranquilidade. Para muitas pessoas essa sensação não é momentânea, mas constante e permanente.

Em muitas cidades de Minas Gerais existem bandas que fazem trabalhos em hospitais, asilos, creches e em demais locais onde a sociedade se sente ajudada e acolhida. Todas as agremiações musicais da Polícia Militar de Minas Gerais é mais do que um grupo de músicos, mas agentes incansáveis que atingem uma gama imensa da sociedade mineira.

A Polícia Militar, conta hoje com um total de 67 Batalhões em todo o Estado de Minas Gerais. As Bandas de Música, num total de 20, estão estrategicamente sediadas pelo Estado da seguinte forma:

Belo Horizonte – 02 Bandas de Música na APM

Juiz de Fora – 01 Banda de Música no 2º BPM/4ª RPM

Diamantina - 01 Banda de Música no 3º BPM/14ª RPM

Uberaba - 01 Banda de Música no 4º BPM/5ª RPM

Governador Valadares - 01 Banda de Música no 6º BPM/8ª RPM

Bom Despacho - 01 Banda de Música no 7º BPM/7ª RPM

Lavras - 01 Banda de Música no 8º BPM/6ª RPM 4

Barbacena - 01 Banda de Música no 9º BPM/13ª RPM

Montes Claros - 01 Banda de Música no 10º BPM/11ª RPM

Manhuaçu - 01 Banda de Música no 11º BPM/12ª RPM

Passos - 01 Banda de Música no 12º BPM/18ªRPM

Ipatinga - 01 Banda de Música no 14º BPM/12ª RPM

Patos de Minas - 01 Banda de Música no 15º BPM/10ª RPM

Uberlândia - 01 Banda de Música no 17º BPM/9ª RPM

Teófilo Otoni - 01 Banda de Música no 19º BPM/15ª RPM

Pouso Alegre - 01 Banda de Música no 20º BPM/17ª RPM

Ubá - 01 Banda de Música no 21º BPM/4ª RPM

Divinópolis - 01 Banda de Música no 23º BPM/7ª RPM

Poços de Caldas - 01 Banda de Música no 29º BPM/18ª RPM

Certamente, ter uma banda de música tocando nas ruas é ter um policial militar em contato direto com a população levando alegria, bem estar, respeito, solidariedade, cultura, educação e segurança pública para a sociedade. 

Isso reforça a missão institucional da PMMG que é promover segurança pública por intermédio da polícia ostensiva, com respeito aos direitos humanos e participação social em Minas Gerais.

CENTRO DE ATIVIDADES MUSICAIS (CAM) 



Oficialmente criado em 23 de fevereiro, conforme publicação da Resolução nº 4194 de 2012, o Centro de Atividades Musicais (CAM) é um órgão de apoio subordinado à Academia de Polícia Militar, apoiado administrativamente pelo Centro de Administração de Ensino (CAE). Naquela época o Centro estava vinculado à Academia de Polícia Militar (APM) e só mais tarde passou a ser vinculado à Diretoria de Comunicação Organizacional (DCO) como é atualmente. 

Ao longo do tempo, a atividade musical na PMMG foi sendo vista não apenas como acessório, mas como ferramenta importante para a realização de um policiamento solidário e comunitário. Capítulos foram construídos e solidificaram a necessidade de se ter um Centro para a gestão das atividades musicais na PMMG. 

A relação entre música e militarismo é milenar nas mais diversas culturas humanas. Na PMMG não foi diferente. Seja para a rotina da caserna ou para os eventos e trabalhos com a comunidade, os músicos sempre estiveram presentes na história da Polícia. 

Em 2012, o então Comandante Geral Cel PM Márcio Martins Sant’ana, assinou a referida Resolução que é considerada a certidão de nascimento do Centro de Atividades Musicais (CAM) e elevou a importância da área musical gerenciada para exercer o melhor serviço policial musical. 

Atualmente três agremiações musicais estão sob sua responsabilidade, quais sejam: AMOS (Academia Musical Orquestra Show) conhecida como banda de baile; Banda Marcial do CAM, com trabalhos mais intensos em desfiles e cerimônias militares; OSPM (Orquestra Sinfônica da Polícia Militar) com atividades em cerimônias cívico-militares de diversos tipos. Todos esses grupos possuem uma produção intensa de serviços tanto para o público policial diretamente (público interno), quanto para toda a sociedade civil (público externo). 

Além das atividades musicais exercidas na capital (Belo Horizonte) o CAM presta serviço de coordenação técnica para todas as outras bandas musicais do Estado. O gerenciamento de efetivo, materiais de consumo e outras particularidades que as demais bandas possuem, passa pelo emprego do CAM. Para observarmos um pouco do trabalho desse Centro podemos aferir que em 2019 a quantidade de solicitações atendidas chegou 1.342. Já em 2020, mesmo com as dificuldades impostas pela pandemia COVID-19, a tropa não parou e foram 662 solicitações de serviços musicais prontamente atendidos. Não satisfeitos em atender às demandas musicais de forma presencial, 2020 foi um ano de intensa criação audiovisual e novos projetos. 

O desenvolvimento, produção e criação de novas formas de trabalho levou os músicos da PMMG para as diversas mídias digitais. Com o esforço e dedicação dos próprios músicos, foram desenvolvidos os programas digitais Musicando Segurança e Momento Patrulha Rural. 

A confecção de meios informativos como a Revista do CAM, atualização do site oficial da PMMG e reformulação das redes sociais, foram exemplos de boa gestão para alavancar o alcance midiático da atividade musical da PM. 

Serviços presenciais foram adaptados para atender os mais diversos públicos e projetos como Avivar que visa proporcionar aos pacientes, funcionários, visitantes e acompanhantes do Hospital Militar (HPM), o senso de alegria, paz, alento e conforto; e o Banda na Base que busca realizar uma integração entre a atividade musical da PMMG e a comunidade de Belo Horizonte e região metropolitana, potencializa o portfólio de serviços.

Todo esse trabalho musical e criativo foi concomitante com os muitos empenhos operacionais requisitados pelo Batalhão Metrópole. 2021 foi um ano para aprimoramento dos trabalhos criados e desenvolvimento técnico das produções. 

Equipes foram montadas para atuar em diferentes frentes de trabalho, como musicologia, história, designer, literatura e outras áreas que podem estimular o consumo musical, conhecimento da própria atividade musical militar e consequentemente da função policial da PMMG. 

Dentre as várias missões do CAM, ressalta-se que apoiar no desenvolvimento de projetos que visem à promoção da identidade organizacional e a segurança pública com participação da atividade musical seja sua essência. É dessa forma que se faz ressoar seu lema “Segurança Pública também se faz com música”.



25 maio, 2022

CENTENÁRIO DO 5º BATALHÃO DA PMMG


 MUDANÇA DO 5º BPM PARA O BAIRRO DA GAMELEIRA 


Antônio Egg Resende

Coronel PM Inativo

 

   Muito honrado com a consulta de uma Tenente do Instituto do Patrimônio Histórico e Cultural da  Polícia Militar, sobre se eu poderia escrever algo sobre o 5º Batalhão por ocasião do seu centenário que estará ocorrendo no dia 25/05/2022, respondi-lhe afirmativa e imediatamente.

   Isso porque tive a honra de servir na Unidade, entre 17/10/1963 e 23/11/1967, num momento marcante de sua riquíssima história.

   A criação e instalação do 5º Batalhão da PMMG remontam a 11 de abril de 1922, pelo Decreto nº 6.060, assinado pelo Governador de Minas Gerais, Dr. Eduardo Carlos Vilhena do Amaral, inicialmente com a denominação de 5º Batalhão de Infantaria.

   Foi composto inicialmente de 17 oficiais e 983 praças e com quatro companhias.

   Seu Boletim nº 01 foi de 25 de maio de 1922 e seu primeiro Comandante foi o Ten. Cel. Joviano Wanderley de Melo.

   Foi instalado provisoriamente na ala direita do quartel situado na Praça Floriano Peixoto, no Bairro Santa Efigênia, do atual 1º Batalhão de Polícia Militar que, por longos anos, por ser responsável pela guarda dos Palácios do Governo do Estado, era intitulado Batalhão de Guardas - “BG”.

   Em 07 de abril de 1924 foi transferido daquela localidade para a Praça Duque de Caxias, em Santa Tereza.

   A Unidade teve participação ativa e heroica, infelizmente com grande número de perdas de vidas,

nos movimentos revoltosos de:1924 - Revolta Paulista; 1925 - Coluna Prestes/”Tenentismo” e 1930.

  Em 25/05/1957, a Unidade recebeu o nome de 5º Batalhão de Policiamento Ostensivo – BPO - passando a ser a pioneira na execução do policiamento ostensivo na Capital.

  A primeira grande obra literária sobre a nossa embrionária atividade, intitulada “Policiamento”, foi escrita pelo Major Antônio Norberto dos Santos, então Subcomandante do 3º BI/Diamantina e impressa em 1962.

  Com 546 páginas, a obra contém preciosas lições, ainda plenamente válidas e, nela, o autor já citava o “BPO” na Capital e intitulava as duplas de policiamento de área com o nobre título de “Cosme e Damião”.

  Isso evidencia que o 5º BPO foi o precursor do policiamento a pé, na Capital, e também do patrulhamento motorizado, através das “patrulhas volantes” – PV -  posteriormente “rádio patrulhas”- RP - , policiamento com cães e o policiamento escolar, tendo eu sido seu  comandante, tendo como subcomandante o então 2º Tenente Joel Mansur Reis.

  Com a inauguração do Estádio Magalhães Pinto – Mineirão - em 05/09/1965, a Unidade tornou-se também responsável pelo seu policiamento, durante a realização de jogos ou shows, pontificando-se como primeiro comandante o então Cap. Pedro Floriano da Paixão.

  Minha história com o 5º BPO/BPM iniciou-se em 17/10/1963, quando ali chegamos oito colegas de turma do CFO/Departamento de Instrução, declarados Aspirantes a Oficial em 10/10/1963.

   Certamente apreensivos, mas admirados pelo imponente posicionamento de seu quartel na principal praça do Bairro, pela sua bela arquitetura interna e externa.

   E felizes, pela nossa nova condição hierárquica e pela simpatia e cortesia com que fomos recebidos, pelo seu Comandante, Major Luiz Nunes Neto, seu Sub Comandante, Major Alberto Piantanida e sua oficialidade.

  O Major Luiz Nunes Neto havia sido designado para o cargo de Comandante interino em 22/04 até 04/06/1963 e de 29/06 a 29/11/1963, porque seu substituído teria sido o Ten. Cel. Jonas Pereira da Silva que, entretanto, não chegou a assumir.

    Nós aspirantes nos adaptamos bem e com os tenentes, além de outras funções normais, concorríamos às escalas de Oficial de Dia e de Comandante de Policiamento de Área – CPA.

    O oficial CPA, em uma Patrulha Volante com guarnição normal, supervisionava a execução do policiamento a pé executado pelas duplas “Cosme e Damião” e o motorizado, por mais uma ou duas patrulhas volantes.

    Esse oficial apoiava todo o pessoal de serviço em ocorrências especiais ou nas em que se envolvessem integrantes da Polícia Civil, das Forças Armadas e da Polícia Militar mais graduados que os comandantes das guarnições do policiamento motorizado.

   Em 29/11/1963, o Major Luiz Nunes Neto transferiu o comando ao Ten. Cel. Saul Alves Martins e a nossa rotina administrativa e operacional continuou normal até o dia 31/03/1964.

   Aqui, faço uma sintética rememoração da História pátria, para melhor entendimento do que se passava no Brasil naquela época, o porquê da Revolução de 31 de março de 1964 e como foi a participação da Unidade no desempenho da missão a ela atribuída pelo Comandante Geral da PMMG, o grande líder Coronel José Geraldo de Oliveira.

   A aparente normalidade em que vivíamos, ao final daquele ano e princípio de 1964, passava por uma crescente tensão, desde o fim do regime parlamentarista e a posse de João Belchior Marques Goulart – “Jango” - como Presidente da República, em janeiro de 1963.

   Tudo começara em 03/10/1960, quando foram eleitos Jânio Quadros, como Presidente da República, e João Goulart – Jango -, como Vice, a posse de ambos em 31/01/1961, a misteriosa renúncia de Jânio em 25/08/1961 e a adoção do regime parlamentarista, como alternativa imposta pelas Forças Armadas para que o Vice assumisse a Presidência, o que ocorreu em 07/09/1961.

   Mas, em janeiro de 1963, com o fim do regime parlamentarista, efetivado como presidente e apoiado pelos seus aliados políticos esquerdistas, inclusive através de violentas e variadas ações terroristas, Jango passou a agir firmemente para o alinhamento ideológico do Brasil com Cuba, China e União Soviética.

   E o clímax dessas ações ocorreu no dia 13/03/1964, quando, durante o “Comício da Central do Brasil”, no Rio de Janeiro, o Presidente reforçou seu compromisso, perante um público de 150.000 a 200.000 pessoas, de realizar as Reformas de Base, dando a entender que havia abandonado a política de conciliação e sua real aproximação com o comunismo reinante naqueles países.

   Essas atitudes governamentais desencadearam forte reação da população, através de passeatas e ocupação de vias públicas das principais capitais do País, no dia 19/03/1964, sob a denominação de “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”, que alcançou a marca de 500.000 participantes em São Paulo.

   Diante do agravamento da ameaça à democracia e do clamor público, ao lado de altas autoridades militares e dos governadores dos Estados de Minas Gerais, José de Magalhães Pinto, Guanabara, Carlos Lacerda e de São Paulo, Ademar de Barros, a deposição de João Goulart pelas Forças Armadas e Auxiliares passou a ser uma questão de dias.

   E essa ação, que podemos definir como “Contra – Revolução de 1964”, foi desencadeada em 31/03/1964, sob a liderança civil do Governador de Minas, irmanado com os comandantes da 4ª Região Militar/Juiz de Fora - General Olímpio Mourão Filho, da 4ª Brigada de Infantaria/BH – General Carlos Luís Guedes e, obviamente, com o Comandantes Geral da PMMG - Cel. José Geraldo de Oliveira. Sob o comando do General Mourão, parte das tropas mineiras partiu rumo ao Rio de Janeiro e outra rumo a Brasília.

   Sob o comando do Ten. Cel. Saul Alves Martins, o 5° BPM deslocou-se, devidamente preparado para eventuais combates, inicialmente para Juiz de Fora e se instalara no quartel do 2º BPM que se deslocara rumo ao Rio de Janeiro.

   Entretanto, não houve necessidade de prosseguimento de nossa marcha rumo ao Rio de Janeiro, visto que o Presidente já havia abandonado seu cargo e refugiado no Uruguai e o Congresso Nacional decidido por declarar vago o cargo.

  Sob intensos protestos dos apoiadores de Jango, por sugestão do Senador Auro de Moura Andrade, Presidente do Senado, o Presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzili, assumiu o cargo de Presidente da República interinamente.

   Obtido o resultado almejado, o 5º BPM retornou à sua base e retomou sua rotina operacional e administrativa.

   Em 18/04/1964,  representado por uma companhia, participou do “Desfile da Vitória” na Av. Afonso Pena, o tradicional palco da Capital.

   Nessa ocasião, o Governador do Estado, atendendo a ponderações do Comando Geral da PM, no sentido de que a Corporação estava precisando de mais espaço na Capital, para abrigar condignamente Diretorias e Serviços subordinados e também o Colégio Tiradentes Central, até então precariamente instalados, decretou a transferência das instalações físicas e áreas  ocupadas pelo Instituto João Pinheiro, fundado em 1909, na antiga Fazenda da Gameleira, como a primeira Escola Primária e Agrícola de Minas Gerais, da Secretaria de Agricultura para a PMMG.


    Em decorrência desse Decreto, na tarde do dia 20/04/1964, e em consonância com a Ordem de Serviço nº 16/64-EMG/PMMG, da mesma data, recebi ordem para, com o efetivo de um pelotão, ocupar aquele novo e extenso patrimônio da Corporação.

   Instalamo-nos em um pavilhão situado na parte baixa de toda a área e próximo ao anexo do Colégio Estadual do Bairro Gameleira e bloqueamos as duas entradas do Instituto, não permitindo que nada fosse retirado e só fossem autorizadas entradas e saídas de moradores, tendo todos esses sido catalogados e registrados seus locais de residência.

  Comandei esse pelotão entre os dias 20 e 22 de abril, fui promovido a 2º Tenente no dia 21/04, e fomos substituídos pela Companhia de Metralhadoras Pesadas - CMP - sob o comando do Capitão Carlos Bernardes da Silva, com suas Administração e Intendência, ocupando provisoriamente o mesmo pavilhão, para dar continuidade à ocupação e à segurança da área.

  O comando designou uma comissão, composta pelos Capitães Carlos Bernardes, Walter Mesquita e Senilo Pereira Dutra e o autor deste texto, para estudar a melhor ocupação de cada pavilhão pelos órgãos da Unidade e planejar as adaptações necessárias.

   Com base nesse trabalho, a mudança ocorreu nas seguintes condições:

1.     a CMP foi transferida de sua posição inicial para o pavilhão número 2;

2.     em 26/05, a 3ª Companhia, sob comando do Cap. Senilo Pereira Dutra, foi transferida e ocupou a ala direita do pavilhão 3;

3.     em 27/05, mudou-se a 2ª Companhia, sob comando do 1º Tenente Josué Arruda de Carvalho, para a ala esquerda do mesmo pavilhão;

4.     no mesmo dia foram transferidos o ambulatório, o gabinete médico, chefiado pelo Cap. Med. Salvador Silveira Santos, o gabinete dentário, chefiado pelo Cap. Dentista José de Oliveira Campos, para parte do pavilhão 2;

5.     ainda no dia 27/05 foi transferida a cantina, instalando-se no pavilhão 7;

6.     em 29/05, foram transferidas a Administração e a Intendência da Companhia de Comando e Serviços – CCS – sob comando do 1º Ten. Waldir Felix de Almeida, ocupando a ala direita do pavilhão 5;

7.     no dia 30/05, logo após o almoço, a Aprovisionadoria e os setores afins foram transferidos e instalados em sua nova dependência, no pavilhão 7, a tempo de servir o jantar;

8.     em 30/05, recrutas da 1ª companhia, que aguardavam o momento de irem para Divinópolis, onde cursariam o CFSd, e o material que ainda estava na sede, ocuparam a ala esquerda do pavilhão 5. É justo ressaltar que esses recrutas tiveram uma participação especial nas tarefas de limpeza geral e no carregamento e descarregamento de caminhões utilizados no transporte de móveis e equipamentos.

9.     em 30/05, foi transferida a Seção de Transportes para o pavilhão 13;

10.   em 02/06, a Tesouraria instalou-se no pavilhão 10;

11.   na mesma data, instalou - se a Banda de Música, sob o comando do Maestro 1º Ten. João Evangelista de Paula, no pavilhão 8.

   A propósito, em junho de 1964 foi reeditado um “livreto de bolso”, de autoria do referido Maestro, com 64 páginas, e os seguintes dizeres na capa:

“Polícia Militar de Minas Gerais – 5º Batalhão de Infantaria – Instalado no dia 22 de maio de 1922 pelo Decreto 6.060, sendo 1º Comandante o Ten. Cel Joviano Wanderley de Mello - Hinário – 2ª edição - com Canções Patrióticas Para a Vida dos Colégios e Corporações Militares – 04-06-1964 – (Dia da Transferência da Unidade de Santa Tereza para a Gameleira”).

12.   também em 02/06, foi transferido e instalado, em parte do pavilhão 2, o arquivo da Secretaria;

13.   no dia 04/06 concluiu-se a mudança, com a instalação do Comando da Unidade, seu Estado-Maior e Secretaria na parte superior do pavilhão 1 – frontal e, na parte inferior do prédio, o Serviço de Dia e a Sala de Operações.

Um grupo de PMs, sob comando de um sargento, permaneceu no antigo quartel, porque lá ainda tiveram que permanecer, enquanto se aguardava a desocupação do espaço destinado a cada qual e se realizariam as necessárias adaptações: almoxarifado, biblioteca, barbearia das praças e alojamento dos oficiais, mas sua mudança e instalação se concretizaram antes de 02/07.

   Após a plena instalação de todos os setores da Unidade e cessada sua missão, a Comissão foi desfeita e, em 15/07/1964, foi criado o “Serviço de Patrimônio”, para realizar as ações logísticas necessárias, tendo sido designado para o cargo o autor deste texto.

  O abastecimento de água do antigo Instituto e do Departamento de Produção Animal – DPA – da Secretaria de Agricultura, hoje Expo Minas, era coletada de uma fonte existente no Bairro Bonsucesso e, de um reservatório contíguo, bombeada e, através de longa tubulação, chegava à  caixa d’água situada na parte mais alta do terreno da antiga Fazenda da Gameleira.

   Por questão de saúde e segurança, o comando da Unidade decidiu construir um poço artesiano, um reservatório próximo e a respectiva rede de distribuição abrangendo todo o aquartelamento.


      A inauguração do sistema ocorreu em junho de 1965 e a Unidade, para isso, contou com importante ajuda financeira da CEMIG.

   O Ten. Cel. Saul passou o comando, em 31/05/1965, ao Ten. Cel. José Cândido de Almeida.

   Esse, em 22/04/1966, transferiu o comando ao Ten. Cel. Namir Gonçalves de Lima, que já vinha exercendo o cargo de Subcomandante do Batalhão desde o final da mudança da Unidade para a Gameleira.

   Em seu período de comando, a Polícia Militar passou a exercer o policiamento ostensivo com exclusividade no Estado, com base no Decreto- Lei nº 317, de 13/03/1967, assinado pelo Presidente Humberto de Alencar Castelo Branco.

   Essa exclusividade gerou a extinção da Guarda Civil da Polícia Civil e o radiopatrulhamento até então executado por ela passou a ser feito pelos Batalhões de Policiamento Ostensivo em suas respectivas áreas, inclusive o radiopatrulhamento.

   Em decorrência, o 5º BPM teve que ampliar o número de guarnições em cada turno para operar as rádio patrulhas.

   O Coronel Namir passou o comando, em 21/11/1967, para o Ten. Cel. Sebastião Domingues.


   Um parêntese. Tenho o prazer de informar aos muito amigos feitos pelo Coronel Namir, que serviram sob suas ordens como Subcomandante e/ou Comandante do 5º Batalhão, que ele estará completando 98 anos de idade no dia 26/05/2022, ou seja, no dia seguinte ao do centenário.

   No dia 16/11/1967, em decorrência de minha promoção a capitão no dia 10, fui classificado no CQG com destino à Diretoria de Policiamento Militar, para exercer o cargo de Coordenador de Operações, em rodízio com outros capitães, na Central de Operações – COP - , sediada na esquina de ruas Paraíba e Santa Rita Durão.

   Meu último ato no 5º Batalhão foi comandar a Companhia de Guarda de Honra, para a passagem de comando do Ten. Cel. Namir para o Ten. Cel. Domingues, e meu desligamento para o CQG ocorreu em 23/11/1967.

   Em minha vida profissional na Corporação, sinto – me plenamente realizado e me senti bem em todos os órgãos em que servi, mas no 5º BPM passei ótimos anos de minha vida, com muito trabalho, mas num ambiente de muita cordialidade e união, tanto que, mesmo após meu desligamento, continuei alojado em suas dependências, até o dia 12/07/1969, quando me casei.


   Para finalizar, ressalto que, além da transferência do Quinto Batalhão, a visão estratégica do Comandante Geral da Corporação e atendida pelo Governador do Estado, foi plenamente atingida com a construção, em momentos diversos e consecutivos, das sedes dos seguintes órgãos e serviços:

1.    Colégio Tiradentes Central, na Praça Duque de Caxias, em Santa Tereza;

2.    Diretoria de Apoio Logístico e os Serviços subordinados, no Bairro Gameleira, onde também foram instalados e ali funcionam os órgãos abaixo descritos;

3.    Diretoria de Finanças;

4.    Anexo Gameleira do Colégio Tiradentes;

5.    Estande de Tiro da PM;

6.    Núcleo de Atenção Integral à Saúde - NAIS – PM/DAL;

7.    Clube de Cabos e Soldados.

 

Belo Horizonte, 25 de maio de 2022

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