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de Novembro dia do Músico!
Hoje comemora-se o dia do músico! Em homenagem a todos esses profissionais, falaremos um pouco sobre a Banda de Música do 3º Batalhão da PMMG, mais antiga agremiação musical da Polícia Militar de Minas Gerais, que em 2021 completa 130 anos.
Pelos
registros históricos sabe-se que desde a antiguidade as Bandas de Música
tiveram ligação com os exércitos, pois devido à grande projeção sonora de seus
instrumentos, foram usados para a comunicação e evolução dos corpos militares
dentro dos quartéis e nos campos de batalha.
Diversos autores dizem que as bandas de música tem
origem na Alemanha no século XVII, quando as mesmas ainda se constituíam de
instrumentos como oboés e fagotes, fazendo parte da vida militar. No Brasil as
primeiras notícias que se tem sobre a constituição de bandas datam apenas após
a vinda da Família Real Portuguesa, em 1808. Dos quatro Corpos Militares
criados em Minas Gerais no ano de 1890, apenas o de Diamantina permaneceu na
mesma sede e manteve atividades ininterruptas até a atualidade.
A Banda de
Música do 3º Batalhão, sediada em Diamantina, foi criada de forma oficiosa, em
1891, pelo militar músico, Sargento João Batista Teixeira. Posteriormente,
tornou-se oficial, como outras tantas bandas, que foram sendo criadas em outros
batalhões da Polícia Militar de Minas Gerais. Para organizá-la, João Batista
Teixeira recrutou músicos das bandas civis Corão e Corinho. Por ter se preservado
desde o início da República, não obstante tenha passado por algumas fases de
inatividade em dado momento específico, como durante os períodos
revolucionários de 1930 e 1932, a Banda de Música do 3º Batalhão da Polícia
Militar é a mais antiga corporação musical militar do Estado de Minas Gerais.
Habitualmente,
a Banda de Música do 3º Batalhão sempre foi parte integrante das festas
religiosas, com vários de seus músicos executando os cantos dos ritos
litúrgicos, os motetos, ofertórios, ladainhas etc, no interior dos templos.
Também esteve ligada à produção música para o entretenimento da sociedade: uma
das manifestações culturais mais frequentes, e que permaneceu por período
longevo em Diamantina, foi a apresentação de retretas, que eram concertos populares
realizados em praça pública, muitas vezes nos coretos erguidos em várias
cidades mineiras para abrigarem as bandas. A Banda de Música do 3º Batalhão deu
continuidade a essa cultura, herdada das bandas civis anteriores. O apogeu
dessas retretas ocorreu durante as décadas de 1930 e 1940.
Na década
de 1990, quando Diamantina se candidatou ao título de Patrimônio Cultural da
Humanidade, formou-se uma comissão composta por diversas pessoas de notório
saber, para elaborar um ensaio histórico estratégico, sobre o qual o Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) pudesse desenvolver um
dossiê com as justificativas oficiais da candidatura, para ser entregue à
UNESCO. Entre essas pessoas estava o monsenhor Walter de Almeida, oficial
capelão do 3º Batalhão da Polícia Militar, grande conhecedor tanto da história
da Polícia quanto da Igreja Católica. Suas indicações foram determinantes para
a definição das justificativas.
A
necessidade de preservação dessa musicalidade singular para conhecimento das
gerações futuras se consagrou como um dos argumentos fortes que pesaram, com
muito vigor, para que Diamantina recebesse o título universal. Nesse sentido, o
monsenhor Walter de Almeida sugeriu a volta da Banda de Música do 3º Batalhão
para as sacadas da cidade, como atração cultural a ser recuperada e oferecida
dentro do novo contexto que se delineava. Era de seu conhecimento a tradição da
banda executar a fantasia La Mezza Notte, popularmente conhecida como “O Anjo
da Meia Noite”, durante as retretas realizadas em Diamantina, com grande
frequência, nas décadas de 1930 e 1940.
Enviado o ensaio histórico estratégico para o IPHAN, e estando a cidade em plena campanha para aquisição do título junto à UNESCO, o Ministério da Cultura marcou o lançamento do Programa Nacional de Turismo Cultural para o dia 16 de agosto de 1997, em Diamantina. Surgia aí a grande oportunidade dos músicos militares retornarem para as sacadas, celebrando a hora vesperal, conforme tradição iniciada pelo maestro Piruruca em tempos remotos, quando ainda não havia luz elétrica na cidade. Para aquela apresentação, que acabou acontecendo no período noturno, a Banda Mirim, mantida pela prefeitura, uniu- se à Banda de Música do 3o. Batalhão. Desse modo, a manifestação cultural conhecida como “O Anjo da Meia Noite”, acabou transformando-se no atrativo turístico denominado “Vesperata”, que se impôs como o mais importante produto artístico que sustenta a economia de Diamantina, desde então.
Em 2021,
ano em que a Banda de Música de Diamantina completa 130 anos de história, a
agremiação tem pela primeira vez, uma policial feminina como regente. A 2º Sgt
Adriana Regina Moreira, mais antiga praça especialista, ficou imbuída da função
após a passagem para a reserva altiva do ex-regente Ten Everton, hoje Capitão
QOR.
A Banda de
Música do 3º Batalhão da Polícia Militar destacou-se como a mais importante
instituição musical de Diamantina, durante todo o século XX. Funcionou como o
grande elo que trouxe, até os dias atuais, os reflexos do fenômeno musical
ocorrido no território mineiro no século XVIII. Portanto, pela história
singular brilhante, construída ao longo de seus 130 anos de existência, a Banda
de Música do 3º Batalhão da Polícia Militar já adquiriu, por direito, o status
de Patrimônio Cultural do Estado de Minas Gerais, um bem imaterial singular,
que tem de ser preservado e salvaguardado, para o conhecimento das gerações
pósteras.
Fonte:
Adaptado do artigo: “BANDA DE MÚSICA DO 3º BATALHÃO DA POLÍCIA MILITAR DE MINASGERAIS A MAIS ANTIGA CORPORAÇÃO MUSICAL MILITAR DO ESTADO” de autoria dohistoriador Wander Conceição.
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